Thursday, August 5, 2010

A quantas anda a qualidade do jornalismo?

Depois de ler uma notícia na Veja Online sobre a problemática do iPhone, comentado pela atriz Whoopi Goldberg em seu talkshow e pela Nokia (reitero: é o que diz a VEJA), fiquei ponderando sobre a qualidade das informações que os veículos midiáticos do globo passam a nós leitores.

Vejamos bem: ao dizer que a Nokia alfinetara a Apple, a Veja não informa absolutamente nada sobre como isso ocorreu, nem onde, nem quando (“logo após o pronunciamento da Apple” não é lá muito exato), nem como, nem por quem. E fechou com frase de impacto: ’ “É o que se espera de uma empresa empenhada em conectar pessoas”, disse. ’ Quem disse? A Nokia. Mas a não ser que a vida seja um episódio de Futurama, empresas não falam; têm um porta-voz. Esse tal indivíduo, a Veja não diz quem é.

Nem está muito preocupada. Outros veículos têm feito o mesmo, com muito menos interesse em prezar pela veracidade das informações que passam. A seção de Tecnologia do Terra também publicou uma matéria narrando a conferência do dia 16 de julho de 2010 por Steve Jobbs, da Apple. “Steve Jobs”, diz a matéria, “garantiu que a atualização de software liberada esta semana resolve os problemas com a antena do smartphone”.

A falta de compromisso é brutal. Jobs não disse que a atualização resolveria os problemas com a antena do smartphone, e sim que o novo upgrade da plataforma iOS 4, numerada como iOS 4.0.1, traria a solução para o problema relativo ao engano na mostragem de barras de sinal no aparelho. O algoritmo desenvolvido pela Apple, segundo Jobs, mostrava de forma errônea o sinal realmente disponível do celular. Para isso serve a atualização do iOS - nada tendo a ver, portanto, com o problema da “antennagate”, que é de hardware.

É interessante notar que a Newsweek também publicou matéria sobre a conferência de Steve Jobs. Foi uma nota violenta contra o posicionamento de Job, atacando frontalmente o cabeça da Apple, onde, pelo menos explicitamente, o mais suave dos adjetivos atirados foi o de “arrogante”. Implicitamente lêem-se muito piores. Pelo menos em minha opinião, o posicionamento do autor da matéria acima, da Newsweek, é tendencioso e extremamente rancoroso. Mas o importante é observar que não há erros fa(c)tuais, como no caso dos exemplos que trouxe sobre as mídias brasileiras. Uma coisa é deixar claro seu ponto de vista numa matéria, colocando fatos corretos. Outra é colocar fatos errados e gerar uma ideia, na cabeça da população, sobre acontecimentos que jamais existiram. Há que se admitir que, no mínimo, há algo errado.

É preciso questionar a veracidade de informações que traz a mídia ao leitor/espectador. Há algo de podre no reino do jornalismo. Mas o mais ameaçador é que nem mesmo o sentimos. Já nos acostumamos.

Fontes:
  1. Conferência completa de Steve Jobs no dia 16 de julho de 2010 (YouTube).
  2. Steve Jobs respondendo a uma pergunta após a apresentação da conferência em 16/julho.

1 comment:

  1. Como a grande parte da rede de comunicação, ter a possibilidade de ser o primeiro em divulgar uma matéria "saindo do forno" , é como ganhar medalha de ouro nas olimpíadas! Além de massagear o ego, ainda tem gratificação na carreira. O problema é de que forma o jornalista divulga para ter sua identidade estampada na matéria, e isso vai de acordo a interpretação e a conclusão do jornalista e da editora que ele trabalha. Se for verídica ou não, cabe a nós meros leitores buscar por isso!

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